Irmã M. Fernanda L. Balan – Neste mês de outubro, estamos aprofundando a vida de Aliança de Amor com Maria e o significado da talha que contém as ofertas ao Capital de Graças do Santuário de Schoenstatt.

A Aliança de Amor que selamos filialmente com a Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt ultrapassa uma simples devoção piedosa a Maria, pois nos confere um caráter dinâmico do compromisso do nosso batismo, perante o Reino de Deus em nós e no mundo. Portanto, a Aliança de Amor com Maria abrange uma dimensão pessoal e outra apostólica, pois, além de filhos, tornamo-nos instrumentos que livremente colaboram na renovação das famílias, da sociedade, da Igreja. Isto significa que, em Schoenstatt, nada acontece sem a cooperação humana com a graça divina.  “Nada sem vós, nada sem nós” é o segredo da fecundidade da atuação apostólica. O que somos, possuímos e fazemos entregamos à Mãe Três Vezes Admirável, em seu Santuário, para o Capital de Graças. Maria recebe nossas contribuições filiais e torna eficaz, em nós, a graça da transformação e do nosso empenho apostólico. Pelos merecimentos de Cristo, tudo tem sentido e valor para a renovação religiosa e moral do mundo.

“Adquiri muitos méritos pelo fiel e fidelíssimo cumprimento do dever e por uma intensa vida de oração e ponde-os à minha disposição. Então, de boa vontade me estabelecerei em vosso meio e distribuirei muitos dons e graças. Então daqui atrairei os corações juvenis e os educarei para serem instrumentos aptos em minhas mãos”, assim promete Maria em 18.10.1914.

Pode parecer estranho que se usem termos econômicos, como “Capital de Graças”, para se designar coisas sagradas e religiosas. Contudo, no Novo Testamento, encontramos palavras de Jesus que faziam comparações de ordem econômica. É o caso da parábola do tesouro escondido, em Mt 13, 44s: “O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo”.

Maria é nossa intercessora, a “administradora” daquilo que filialmente lhe entregamos. Ela pode dispor de tudo livremente, como Mãe da divina graça, a grande missionária, discípula e colaboradora permanente de Cristo na Obra da Redenção. A ela entregamos os nossos méritos.

Junto ao altar do Santuário, encontramos a talha. Ela lembra das talhas das Bodas de Caná, onde Jesus transformou a água em vinho, por intercessão de Maria, sua mãe. Esta talha nos estimula a enchê-la com nossa “água”, depositando nossas ofertas espirituais nas mãos de Maria e de Jesus. Como nas bodas de Caná, Jesus transforma nossa “água” em “vinho”, ou seja, em graças. Além da dimensão religiosa, este ato é um excelente meio pedagógico e psicológico, que nos ajuda a dar sentido ao trabalho de autossantificação, em vista do Reino dos Céus; isto nos motiva a viver e superar as provas da vida, a sofrer e viver com amor e alegria, no amor a Deus e ao próximo, conforme Jesus nos ensina na oração do Pai Nosso: “Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu”!

Neste ano jubilar do Santuário, temos por lema: “Sim, Pai, vamos contigo e caminhamos na tua presença”! Sim, Pai, aceitamos filialmente os desafios da nossa caminhada, agradecemos e recomeçamos sempre de novo, em fiel Aliança de Amor com Maria, nossa Mãe e Educadora. Generosamente trazemos ao Capital de Graças nossos dons, tudo o que nos atinge e faz parte da nossa existência e missão; com fé na divina Providência, tudo depositamos na talha do Santuário. Confiamos na força da graça e no poder da oração.

Em cada dia 18 é costume queimar o conteúdo da talha junto ao Santuário ou do Memorial dos Heróis de Schoenstatt. O fogo queima e aquece, simboliza o ardor que vibra em nosso ser, pois somos chamados e doados a uma grande missão: cooperar na transformação deste tempo tão inseguro, repleto de sofrimentos, pandemias, com tantas desordens e turbulências.

Como nosso Fundador, Pe. José Kentenich rezamos e dizemos a Maria: “Aceita nosso coração e nossa vontade, como tua inteira propriedade; ao teu aceno e à tua palavra eles se inclinam cegamente. A honra e a glória do instrumento é ser tua inteira propriedade. (Rumo ao Céu, 607).