Kathleen Colunga, representante internacional da União de Mães de Schoenstatt, visita o Brasil e compartilha sua vivência vocacional, a força da maternidade e os sinais de esperança vindos de Roma.

Juliana Dorigo – A União de Mães de Schoenstatt realizou o Encontro Nacional com representantes internacionais, tendo início dia 12 de junho, no Santuário de Schoenstatt Tabor da Permanente Presença do Pai, em Atibaia/SP. Estão presentes a dirigente internacional Kathleen Colunga, dos Estados Unidos, e duas conselheiras: Maura Jesus, de Brasília, e Norma Pistilli, do Paraguai.

Vinda diretamente de Roma, onde participou da coroação da Mãe de Deus no Santuário Mater Ecclesiae, Kathleen nos concedeu uma entrevista especial, com palavras que inspiram e revelam a riqueza de uma vocação vivida com profundidade.

É a sua primeira vez visitando o Santuário de Schoenstatt de Atibaia?

Não, esta é, na verdade, minha segunda visita ao Santuário. Estive aqui anteriormente para o Congresso da Federação das Mães, em 2012, se não me falha a memória. Foi uma experiência marcante, e agora volto com grande alegria. O que mais me encanta é a beleza e a paz que habitam este lugar. Há uma harmonia entre o espiritual e o natural. Percebo um cuidado com o meio ambiente, com a ecologia algo que me toca profundamente, pois vivo no interior e também levo um estilo de vida voltado à simplicidade e à sustentabilidade. Esse cuidado aqui é visível e inspirador.

Qual é a diferença entre a União de Mães e a Liga das Mães? E por que essa distinção é importante?

A União de Mães é uma vocação. Tanto na Liga quanto na União, vivemos a Aliança de Amor com a Mãe de Deus, mas na União essa entrega se transforma numa forma permanente de viver. Seguimos os conselhos evangélicos dentro do nosso estado de vida matrimonial e buscamos crescer como líderes no Movimento. A vivência comunitária e a formação contínua são partes essenciais da nossa missão.

Já na Liga, as mães participam das atividades apostólicas, dos encontros, e também vivem a Aliança, mas sem o compromisso comunitário e vocacional que caracteriza a União. Ambas são valiosas e importantes para Schoenstatt, mas com caminhos distintos.

Que tipo de encontro você está participando esta semana? Qual é o propósito da sua visita?

Vim visitar a União das Mães do Brasil para conhecer mais de perto a vida comunitária delas, como vivem a Aliança no dia a dia, como são suas práticas, sua realidade. Participo de um retiro a convite da comunidade — estou aqui como ouvinte e observadora, disposta a aprender.

Também partilhamos a dimensão internacional da nossa comunidade. Desde 2022, somos oficialmente reconhecidas como União Internacional das Mães, fundada pelo nosso Pai e Fundador, Padre José Kentenich. Esse encontro também é uma oportunidade para reforçarmos essa nova etapa do nosso caminho.

A senhora esteve na coroação, no Santuário Mater Ecclesiae, em Roma: o que traz disso para as mães da União?

Foram três momentos muito marcantes: a eleição do novo Papa, Pentecostes e a coroação da Mãe de Deus. Não acredito que tenha sido coincidência vivermos tudo isso ao mesmo tempo. Senti, com muita clareza, que o Espírito Santo desceu sobre nós. O mundo precisava daquela luz. Durante a coroação, mães do mundo inteiro rezaram uma novena e enviaram suas coroas, que representavam suas comunidades. Essas coroas foram levadas em procissão até a Mãe e colocadas diante dela.

Houve um momento em que o vento forte derrubou bandeiras e até a imagem da Mãe. Ela foi cuidadosamente recolocada — estava perfeita. Depois disso, a celebração seguiu e Ela foi coroada. Foi como ver o Espírito Santo ali, em ação, nos pequenos e grandes sinais.

Maternidade é dedicar-se 100% ao outro. No entanto, cada vez mais sabemos que um sadio amor e valorização de si mesmo é importante para o equilíbrio emocional. Como conciliar amor-próprio e dedicação total ao esposo e aos filhos?

Sim, a maternidade é uma entrega total, mas também aprendemos — especialmente na escola da Mãe — que o amor-próprio é essencial. Na Aliança de Amor, somos filhas, esposas, mães… e somos mulheres amadas por Deus. Nosso apostolado começa no lar, com o esposo, os filhos e conosco mesmas. O segredo está no equilíbrio, em cultivar um olhar interior com serenidade. Tudo passa pelo nosso Santuário-lar: quando enfrento uma dificuldade, pergunto-me como a Mãe agiria. Tento ouvir, ver e falar com o coração d’Ela.

Que conselho você daria aos jovens que se preparam para o matrimônio?

Sou casada há 54 anos. Meu conselho é simples e essencial: conversem, escutem um ao outro, rezem juntos. Falem sobre tudo: os filhos, o futuro, os valores, a vida na Igreja. O hábito de fazer as refeições juntos e rezar à mesa é poderoso. O tempo de qualidade em família é um pilar que sustenta o amor a longo prazo.

Você tem alguma boa notícia de Roma?

Tenho muitas! Esperança, alegria, amor. O Santo Padre trouxe uma luz nova com seu sorriso e suas palavras. Acredito que Roma verá, cada vez mais, a profundidade do nosso Movimento. O Papa Leão XIV é um sacerdote mariano. Já esteve em Schoenstatt, conhece o carisma, visitou o Chile, o Peru e, se não me engano, o Santuário da Mãe Rainha. Isso é um sinal muito positivo. Mas também é necessário que sejamos presença viva em Roma — e em todos os cantos onde o Movimento estiver. Somos chamadas a irradiar a Mãe, como testemunho vivo, com a nossa vida, no nosso dia a dia.