“José, descendente de Davi, de cuja raiz deveria nascer segundo a promessa feita ao Rei pelo profeta Natan, e como esposo de Maria de Nazaré, São José constitui a ‘dobradiça’ que une o Antigo e o Novo Testamento”.

No período da carestia no Egito, o povo pedia pão ao faraó e ele respondia: “Ide a José”. José mostra-se obediente desde o “sim” que deu ao Anjo no segundo sonho – em que este disse ao homem: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe” (Mt 2, 3) –, assim como Maria no momento do “faça-se”. Jesus trouxe da descendência da Família Sagrada a obediência até a morte de cruz. Isso nos faz entender o que São João Crisóstomo queria dizer quando afirmou que a grandeza de José consiste no fato de ele ter sido o esposo de Maria e o pai de Jesus.

A Carta Apostólica “Patris Corde”: com coração de pai foi publicada com o objetivo de aumentar o amor por este grande santo, que teve um papel importante na história da Salvação, já que, “Depois de Maria, nenhum santo ocupou tanto espaço no Magistério Pontifício como José, seu esposo”.

Na Família Sagrada, São José é o modelo de amor que se estende a muitos títulos: “Pai amado, pai de ternura, pai na obediência, pai no acolhimento, pai trabalhador, pai na sombra”, entre outros. José, como pai no acolhimento, acolhe Jesus em Maria e toda a humanidade com seu modelo de pai e família acolhedora. Dessa forma, sua vida “é um caminho a ser acolhido” e seguido, pois é alguém que “decide pela honra e dignidade de Maria”.

Como pai trabalhador, ensina-nos que o trabalho é dignificador, quando feito com amor. Como carpinteiro, ele corta, lapida e transforma a madeira, serviço que ensina também a Jesus. Na vida, muitas vezes é necessário refazer projetos, mudar a rota, mudar o jeito de ser, escolhendo ser mais paciente, mais amoroso, mais caridoso e tolerante. São gestos e atitudes que muitas vezes requerem sacrifícios para alguns, mas que são necessários, sabendo que as mudanças ou lapidações exigem sacrifício e até mesmo dor.

José é pai com coragem criativa, o qual mesmo na fraqueza e nas fragilidades, Deus fortalece, assim como dito em Filipenses: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4, 13); ou mesmo em Coríntios: “Quando sou fraco é que sou forte” (2 Coríntios 12, 10). A coragem de São José aparece sobretudo quando encontra dificuldades, como quando chega a Belém e não encontra alojamento onde Maria pudesse dar à luz. Ao passar por dificuldades, pequenas ou grandes, muitas vezes não sabemos como vive-las e superá-las. Contudo, precisamos compreender e aceitar que há coisas que só se explicam a partir da providência divina.

Quando se reflete sobre ser “pai na sombra”, vê-se a grandeza de São José ao manter-se discreto como pai do Redentor. Ainda assim, podemos tomar o exemplo de Santa Tereza do Menino Jesus, a qual era “uma devota apaixonada por São José, que o adotou como advogado e intercessor, e recebia todas as graças que lhe pedia. Animada pela própria experiência, a santa persuadia os outros também a serem devotos dele”.

Assim como Papa Francisco ressalta na Carta Apostólica “Patris Corde” a importância de São José na história da Salvação, nós também devemos ser esses instrumentos para levá-lo à sombra e discretamente às famílias e falar da força santificadora que ele irradia. Ele sempre foi e será esse ícone da história da Salvação, modelo para as gerações atuais e futuras, sempre com o coração de pai discreto, amável, paciente, obediente – vale lembrar que este foi o ambiente familiar em que Jesus foi educado e criado.

Na Campanha da Mãe Peregrina, a exemplo de São José, vale destacar a importância da família segundo o modelo da Família Sagrada que ele tanto amou, pois seu objetivo é: “salvai a família, custe o que custar”. Assim, a Campanha é um serviço de amor às famílias, onde quer que estejam: na escola, no hospital, no presídio, entre outros lugares.

O mariano autêntico, quando pensa em São José, quer levá-lo para sua casa e, principalmente, para o coração, porque é junto a Maria e ao filho Jesus que ele habita. A partir da expressão “São José, a minha família vossa é”, é importante fazer um exercício diário diante dos desafios que as famílias enfrentam nas traições, nas doenças, no desemprego e na falta de diálogo.

No Movimento Apostólico de Schoenstatt, entende-se que, na Aliança selada pelo fundador Pe. José Kentenich e os seminaristas, foi feito um resgate da aliança batismal e da história da Salvação. Na Campanha, faz-se a prática dessa história quando levamos a Mãe às famílias na imagem peregrina. Isso nos faz repetir o que Maria fez a Santa Isabel, sua prima grávida de três meses. Além disso, no Santo Evangelho, Jesus pede para visitar os enfermos, pobres e necessitados em geral, o que a Campanha faz em alguns setores.

Que, nas dificuldades e desafios da Campanha, possamos dizer: “Ide a José”. Que, assim como ele, tenhamos atenção aos sinais de Deus. Para José, eles vieram em quatro sonhos; para nós, Deus pode se apresentar por meio de um familiar, de uma criança ou um idoso abandonado, ou de pessoas em situação de rua.

Esta é uma reflexão feita a partir da Carta Apostólica “Patris Corde”, feita pelo Papa Francisco por ocasião do 150º aniversário da declaração de São José como Padroeiro Universal da Igreja, publicada no dia 8 de dezembro de 2020. Reflete-se, ainda, sobre o serviço da Campanha da Mãe Peregrina junto às famílias. A partir disso, por fim, entende-se a importância de aprendermos com São José a amar o Menino Jesus e sua Mãe, a amar os Sacramentos, as famílias, a caridade, a Igreja, os pobres e tudo aquilo que inclui o fazer “tudo o que Ele vos disser”.

Salve São José!

FONTE: FRANCISCO, Papa. Carta Apostólica “Patris Corde”: com coração de pai. Brasília: Edições CNBB, 2020.

AUTORA DO TEXTO: Rita de Cacia Ramos da Silva.